Ficha Limpa e Ficha Suja: “Caras de pau tradicionais fora da disputa eleitoral”

Por Francisco Nery Júnior

Tudo é moda; vira moda de uma maneira surpreendente: carros invadem pontos de ônibus, jet skis matam nas praias; pragas acontecem em transatlânticos de luxo. É curioso e nos leva a meditar no trasncendental; no metafísico. Esperamos - e mesmo cobramos – uma palavrinha dos estudiosos. Queremos aprender com eles.
No noticiário político, a moda da Ficha Limpa. A lei coloca como inelegíveis, já que não podem se candidatar, os pretensos candidatos que tenham sido condenados por órgão colegiado. A lei é sem dúvida alguma um avanço. Sabemos que o processo educativo é lento. O ser humano é reacionário por natureza; e por instinto de conservação. Ele sabe o preço que pagou por modismos anteriores sem fundamento e não pretende embarcar em mudanças para as quais não se sente preparado; nas quais não identifica fundamentos.

“Estão quietos, mas não estão mortos”

A Ficha Limpa veio para ficar e já podemos ver caras de pau tradicionais fora da disputa eleitoral; fora do páreo, fora do foco, fora da mídia. Estão quietos, mas não estão mortos. Estão tramando. Uma das características do malandro é ser insistente. Ele não desiste por força de ofício. O que o leitor pensa que pode fazer o malandro? Tramar, desvirtuar e insistir. A malandragem para ele é o andar de bicicleta. Parar é cair. Parar é desistir. É a própria desistência; o não ser.
Uma pequena divagação para os leitores que não querem ser duros demais. Muitos gostariam que os colunistas pegassem mais leve, compreendessem melhor a “miserável condição humana”: algumas das grandes realizações humanas são devidas a malandros. Eles metem a cara, conseguem enganar e, no afã de tirar vantagem, trazem no processo alguma coisa boa para os demais. Henry Kissinger disse a mesma coisa em relação aos ingênuos; outro personagem, em relação aos paranóicos. Não acho que os ingênuos e os paranoicos vão gostar da comparação com os malandros.

“Não é fácil colocar todo mundo no mesmo balaio”

Provar que alguém é sujo não é fácil. Ele pode ser apenas meio-sujo. Pode “ter sido” sujo. Pode ter se arrependido no sentido primeiro da conversão. Conversão significa mudar totalmente de rumo, dar meia-volta, caminhar em sentido contrário. Não; não é fácil colocar todo mundo no mesmo balaio.
O que parece razoável dizer neste momento é que o eleitor deveria vestir em si a toga do juiz. Colocada a toga, ele julgaria sem dúvida de consciência se o candidato é ficha suja. Agora juiz, ele estaria ali para julgar. Por força do ofício, ele julga. Com o seu voto, aplica a lei e escanteia quem não tem o direito de enganar. Acho uma das formas mais vis de comportamento o malandro tomar o lugar de alguém competente. Ele sabe disso e isto lhe pesa nos ombros. Vocês já notaram o sorriso matreiro de canto de boca estampado pelos malandros? É uma defesa e um escape de consciência. Pode parecer bobagem, mas esta é a nossa vingança: o ficha suja não dorme bem. Tem um sono pesado. Precisa do sorriso amargo para se manter no negócio de enganar.

Carece, penso, se manter alerta. Por que votar em filhos de políticos famosos se eles não demonstram competência? Por que lhes dar asas se não conseguem voar sozinhos? Não seria a própria negação da cidadania votar em alguém por ser filho de alguém outro? A colocação, do parente ou do laranja, não seria uma forma de o ficha suja burlar a nova lei? Não vamos falar da venda do voto que acontece de todas as maneiras. Não é possível que você, leitor agora desta coluna, possa ser capaz de vender o seu voto. O ganho provisório significa prejuízo constante.

Então, nas eleições de outubro, votemos bem. Escolhamos o melhor. Votemos em quem sabe trabalhar. As obras dos que trabalham se manifestam. É só olhar em volta. Ou nós outros não almejamos a felicidade de toda a comunidade?

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